O duelo de lendas Clutch Chess terminou com Garry Kasparov provando, mais uma vez, por que é um ícone eterno do xadrez
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Foto: Lennart Ootes/Saint Louis Chess Club |
Trinta anos após vencer Viswanathan Anand no Campeonato Mundial de Xadrez de 1995, Garry Kasparov repetiu a dose em grande estilo no Clutch Chess: The Legends 2025. O 13º campeão mundial garantiu o título com duas partidas de antecedência e embolsou nada menos que US$ 78.000.
Mas não se engane: apesar da pontuação dominante (13 a 11), o confronto teve reviravoltas, tensão e momentos emocionantes — exatamente como se espera quando dois gigantes do xadrez mundial se enfrentam.
Reedição de uma rivalidade histórica
No que foi quase uma homenagem viva ao passado, Kasparov e Anand voltaram a se encontrar exatamente 30 anos após o empate decisivo na 18ª partida do Mundial de 1995. E, de novo, o mestre russo levou a melhor.
Entrando no último dia com cinco pontos de vantagem, Kasparov só precisava evitar uma derrota dupla. Já Anand, precisava vencer duas partidas seguidas — tarefa difícil, mas não impossível com três pontos em jogo por vitória. Tudo que Anand precisava era vencer duas vezes, algo fácil de falar, porém difícil de fazer contra Kasparov.
Tensão do início ao fim — e um erro decisivo
Na primeira partida do dia, Anand surpreendeu com o interessante 1.b3, esperando resposta por longos seis minutos. Kasparov respondeu na mesma moeda com 1...b6, e o jogo se transformou em um terreno tático cheio de armadilhas.
Embora o computador criticasse as decisões de ambos, Anand chegou perto de assumir o controle total. Kasparov, porém, mostrou por que é conhecido como “o ogro de Baku”, encontrando os únicos lances que o mantinham no jogo até garantir o empate.
Com o placar empatado e os pontos reduzidos, bastava uma vitória para Kasparov confirmar o título — e ele não desperdiçou a chance. Anand jogou bem no início da segunda partida, mas cometeu um erro ao colocar o cavalo em b4. Kasparov respondeu com precisão, virou o jogo e selou a vitória geral do match.
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Foto: Lennart Ootes/Saint Louis Chess Club |
Vitória, prêmio e legado
Com o triunfo garantido, Kasparov fechou o placar parcial em 13 a 5, conquistando o primeiro lugar e o prêmio principal de US$ 70.000, além de US$ 8.000 em bônus. Foi uma performance dominante, com quatro vitórias e nenhum revés — algo impressionante mesmo para um ex-campeão mundial longe do auge competitivo.
“A sorte ajuda, mas eu fiz a minha parte para merecê-la”, disse Kasparov, com um sorriso no rosto.
Ele também comentou que foi mais resiliente do que Anand esperava, e levantou a hipótese de que fantasmas do passado podem ter assombrado o adversário, que tem um histórico negativo contra ele.
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Foto: Lennart Ootes/Saint Louis Chess Club |
Anand encerra com estilo
Apesar da derrota geral, Anand teve seu momento de brilho no fim. As duas últimas partidas em ritmo blitz valiam três pontos cada e um total de US$ 16.000 em bônus acumulado pelas partidas empatadas.
Sem a pressão do resultado, o indiano finalmente mostrou sua melhor versão. Na primeira blitz, atacou com precisão e quebrou a defesa de Kasparov com o brilhante lance 25.f6!. Na segunda, uma partida caótica e cheia de reviravoltas terminou com Kasparov perdendo no tempo.
Anand levou os US$ 16.000 finais e adicionou seis pontos ao seu placar, encerrando o match com 11 pontos contra 13 de Kasparov — uma recuperação respeitável após um começo difícil.
“Meu dever sagrado é entreter” — Garry Kasparov
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Foto: Lennart Ootes/Saint Louis Chess Club |
Mesmo longe do circuito profissional, Kasparov reforça por que é uma lenda viva: “É meu dever sagrado vir aqui e entreter as pessoas, mesmo que minhas habilidades atuais sejam apenas uma sombra do que já foram”.
E entretido o público foi. Com partidas imprevisíveis, jogadas brilhantes e emoção do início ao fim, Clutch Chess 2025 entregou tudo que os fãs de xadrez poderiam desejar.
Fontes: Chess.com e ChessBase
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